Sebastião da Gama

DIA 7 – Morte de Sebastião da Gama

            Para saberes mais sobre este poeta consulta a sua biografia aqui.

 O Sonho

Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

– Partimos. Vamos. Somos.

 Este poeta também escreveu sobre a escola

Sem Título

Nasci p’ra ser ignorante

Mas os parentes teimaram

(e dali não arrancaram)

em fazer de mim estudante.

 

Que remédio? Obedeci.

Há já três lustros que estudo.

Aprender, aprendi tudo,

mas tudo desaprendi.

 

Perdi o nome às Estrelas,

aos nossos rios e aos de fora.

Confundo fauna com flora.

Atrapalham-me as parcelas.

 

Mas passo dias inteiros

a ver um rio passar.

Com aves e ondas do Mar

tenho amores verdadeiros.

 

Rebrilha sempre uma Estrela

por sobre o meu parapeito;

pois não sou eu que me deito

sem ter falado com ela.

 

Conheço mais de mil flores.

Elas conhecem-me a mim.

Só não sei como em latim

as crismaram os doutores.

 

No entanto sou promovido,

mal haja lugar aberto,

a mestre: julgam-me esperto,

inteligente e sabido.

 

O pior é se um director

espreita p’la fechadura:

lá se vai licenciatura

se ouve as lições do doutor.

 

Lá se vai o ordenado

de tuta e meia por mês,

Lá fico eu de uma vez

um Poeta desempregado.

 

Se me não lograr o fado,

porém, com tais directores,

e de rios, aves e flores

somente for vigiado.

 

Enquanto as aulas correrem

não sentirei calafrios,

que flores, aves e rios

ignorante é que me querem.

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