Vitorino Nemésio

20 de fevereiro – Morte de Vitorino Nemésio

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A CONCHA        

A minha casa é concha. Como os bichos

Segreguei-a de mim com paciência:

Fachada de marés, a sonho e lixos,

O horto e os muros só areia e ausência.      

        

Minha casa sou eu e os meus caprichos.

O orgulho carregado de inocência

Se às vezes dá uma varanda, vence-a

O sal que os santos esboroou nos nichos.      

            

E telhados de vidro, e escadarias

Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!

Lareira aberta ao vento, as salas frias.         

                 

A minha casa… Mas é outra a história:

Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,

Sentado numa pedra de memória.      

 

                 

Vitorino Nemésio, O Bicho Harmonioso (1938)

Sugestões de leitura:

  • Mau tempo no Canal
  • Paço do Milhafre
  • A casa fechada
  • A mocidade de Herculano

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